''Se alguém transmite uma doutrina diferente e não se atém às
palavras salutares de nosso Senhor
Jesus Cristo e ao ensino segundo a piedade, é um orgulhoso, um ignorante,
alguém doentiamente preocupado com questões fúteis e contendas de palavras. Daí
se originam invejas, ultrajes, suspeitas malévolas, discussões sem fim entre
pessoas de mente corrompida, que estão privadas da verdade e consideram a piedade
como uma fonte de lucro. Ora, a piedade dá grande lucro, sim, mas para quem se
satisfaz com o que tem. Com efeito, não trouxemos nada para este mundo, como
também dele não podemos levar coisa alguma. Então, tendo com que nos sustentar
e nos vestir, fiquemos contentes. Pois os que querem enriquecer caem em muitas
tentações e laços, em desejos insensatos e nocivos, que mergulham as pessoas na
ruína e perdição. 1Na verdade, a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro.
Por se terem entregue a ele, alguns se desviaram da fé e se afligem com
inúmeros sofrimentos''.I Tm. 6.3-10
Introdução
Uma das questões de maior peso e influência na vida
humana é a financeira. Há milênios que pessoas matam por causa do dinheiro;
injustiças são cometidas, personalidades são corrompidas, tudo por causa do
dinheiro. Ou melhor, pelo "amor do dinheiro", de acordo com a
afirmação apostólica (I Tm. 6.10). Isto tem sido verdade especialmente no
Brasil onde, há anos, o povo tem sofrido com uma crise financeira,
aparentemente insolúvel, devida, entre outros fatores, à ganância e corrupção
de governantes e governados, bem como a péssima distribuição da renda nacional.
É neste contexto que famílias cristãs sofrem, sonham, choram e lutam e, a
Palavra de Deus é e deve ser o guia que orienta as famílias cristãs no trato
com os problemas relacionados ao uso do dinheiro.
Todos sabem que o sustento digno de uma família é
questão muito séria, que deve ser administrada com bons critérios. Muitas
famílias sofrem devido a desempregos constantes de um dos pais; outras sofrem
com membros que, preguiçosamente preferem não trabalhar, mas tentam ganhar a
vida de maneira fácil sem o "suor do rosto", através de loterias e
outras formas de jogos de azar. São muitos os problemas que envolvem as
questões financeiras de uma família. Cada família deve saber como administrar
suas finanças. Muito embora a Bíblia não tenha texto específico sobre finanças
na família, há, entretanto, orientações gerais que, se observadas e obedecidas,
trarão bênçãos divinas às famílias.
Panorama Bíblico
1. Com que propósito a família cristã deve usar o
dinheiro? (Pv 3.9).
2. O que Paulo ensina sobre o suprimento das necessidades
básicas da família? (ll Ts 3.6-13).
3. Qual deve ser a atitude de uma família cristã em um
período de dificuldades financeiras? (Fp 4.19).
Reflexões Práticas
I Tm 6.3-10 é um dos textos clássicos da Escritura
Sagrada a respeito do dinheiro. O apóstolo Paulo escreve ao jovem Timóteo,
instruindo-o quanto a vários assuntos, inclusive quanto ao dinheiro e seu uso.
Havia (e infelizmente ainda há) líderes religiosos inescrupulosos que tentavam
se enriquecerem a custa da religião (v.5). Paulo aponta os perigos envolvidos
nesta tentativa de enriquecimento ilícito. Este texto pode ser aplicado à
família cristã; ele sugere que uma boa e correta administração das finanças de
uma família depende da compreensão e aplicação de alguns pontos. Vejamos:
“Porque nada
temos trazido para o mundo, nem cousa alguma podemos levar dele”, diz o v. 7. Séculos antes, o livro de Jó expressava a
mesma realidade: “Então Jó se levantou...
e disse: nu saí do ventre da minha mãe, e nu voltarei...” (Jó 1.20,21). A
sabedoria bíblica reconhece que a vida vale mais que o dinheiro. Na sociedade não
cristã se pensa o contrário, ou seja, o dinheiro vale mais que a vida. Por
isso, pessoas destroem suas próprias vidas e as de seus semelhantes, sacrificam
seus valores morais e princípios éticos, tentando obter riquezas, e o que se
pensa que o dinheiro pode dar. No entanto, os que assim fazem, não conseguem
encontrar na vida felicidade e a realização que desejam.
Isto, porque o não cristão não consegue ver a vida da
perspectiva do Reino de Deus; mas para quem está em Cristo, há sempre a
lembrança de que a vida vale mais do que coisas, bens, posses, etc. O próprio
Senhor Jesus Cristo disse que o corpo é mais do que o alimento, e a vida é mais
do que as vestes (Mt 6.25).
A família cristã, conscientizada desta verdade
bíblica, irá encarar o dinheiro (e por extensão, todas as questões financeiras)
como um servo e não como um senhor. Assim, a família cristã não viverá em
função de obter dinheiro a qualquer preço, custe o que custar. Pelo
desconhecimento e/ ou desobediência a este princípio bíblico, famílias sofrem
muito, pois ao inverter a ordem natural das coisas, quebram o que o próprio
Deus estabeleceu. Que nenhuma família cristã se esqueça que, conforme a
Escritura, a vida vale mais que o dinheiro.
A mensagem do verso 8 é: “tendo sustento e com que nos vesti; estejamos contentes". Este
ponto está obrigatória e logicamente ligado ao anterior. A vida vale mais que o
dinheiro, mas sem dinheiro a vida toma-se difícil. Por isso, o apóstolo Paulo
diz que, tendo o básico (sustento e vestuário) devemos estar contentes. O
Senhor Jesus Cristo disse que, se buscarmos em primeiro lugar o Reino de Deus e
Sua justiça, o básico à manutenção da vida humana será acrescentado (M.t
6.31-33). A epístola aos Hebreus diz: "Seja a vossa vida sem avareza.
Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei nunca te
abandonarei”(13.5).
O orçamento financeiro da família cristã deve incluir
despesas com alimentação, vestuário, aluguel (se necessário), despesas com
água, luz e telefone (se houver), saúde (médico, dentista, farmácia, etc),
educação (livros, material escolar em geral, mensalidades, etc), transportes,
lazer, - tudo isto é necessário. Deve também prever algum tipo de economia para
o futuro, como por exemplo, um acidente com um membro da família; mas antes de
tudo isto, há a consagração dos dízimos e ofertas ao Senhor (Ml. 3.10) e a
ajuda aos materialmente necessitados (conforme Mt. 25.31-46; Ef. 4.28; Gl. 6.10).
Vivemos em uma sociedade materialista, que é dominada
pela doença do consumismo (que leva as pessoas a comprarem o que não precisam).
É preciso fazer ao Senhor a mesma oração feita pelo antigo sábio: “Duas cousas te peço”... Não me dês nem
pobreza nem a riqueza: dá-me o pão que me for necessário... (Pv. 30.7,8).
Estejamos contentes com o básico.
"Ora. os
que querem ficar ricos caem em tentação e cilada... Porque o amor do
dinheiro é a raiz de todos os males... ..(vv. 9,10). Precisamos de dinheiro
para nossa manutenção, mas não colocamos (pelo menos não deveríamos colocar) a
obtenção de riquezas como alvo supremo de nossas vidas. A sociedade pecaminosa
em que vivemos incentiva as pessoas a colocarem em primeiro lugar em suas vidas
a luta por conseguir ganhar cada vez mais dinheiro. É a filosofia
do"quanto mais tem, mais quer", como diz uma música popular
brasileira. Este vírus, infelizmente tem contaminado muitas famílias. Isto se
vê em pais e mães que sacrificam seus momentos de lazer com seus filhos para
trabalhar mais e assim ganhar mais dinheiro; em pais que pressionam seus filhos
para fazer um determinado curso em uma faculdade, até mesmo contra a vontade
dos filhos, só porque este curso confere mais "status" e salários
mais altos a quem o fez; em rapazes e moças que se casam apenas por interesses
financeiros, enfim, diversas maneiras que demonstram uma preocupação excessiva
em adquirir riquezas. É estranho que esta preocupação, atraente mas
inegavelmente antibíblica, tem penetrado no meio cristão de tal maneira que, já
há até alguns líderes religiosos ensinando “princípios bíblicos” e “orações” para se obter riquezas. Se
entendermos corretamente a Bíblia, veremos que isto, na verdade, não tem a
menor base escriturística.
A família cristã deve usar os recursos financeiros que
tem, não importa se poucos ou muitos, para o seu sustento digno, e também para
o sustento da obra do Senhor e a ajuda aos necessitados. Assim, não se
submeterá ao Senhor tirano e cruel que o dinheiro se toma para muitos, que “atormenta com muitas dores" (v. 10)
aos que o colocam em primeiro lugar em sua lista de prioridades na vida.
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