INTRODUÇÃO - Nunca o divórcio foi abençoado por Deus. Desde os tempos de Moisés quando as leis civis e morais foram dadas por Deus isso jé havia ficado bem claro nas páginas do Antigo Testamento (Dt. 24. 1-4). O casamento só poderia ser desfeito por causa de "cousa indecente" (Dt. 24.1). literalmente (nudez de algo). O sentido exato desta expressão não é bem claro mas com certeza está relacionado a questões sexuais. Por essa questão não ser muito clara é que os fariseus tentaram provar Jesus. Conforme Mt. 19. 3-12, Jesus explicou essa permissão dada por Moisés: Por causa da natureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher, entretanto, não foi assim desde o princípio" (Mt. 19.8).
I - A
INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO: Mateus deixa claro que era impura a
intenção dos fariseus que foram saber a opinião de Jesus sobre a questão do divórcio. De
fato eles não foram movidos pelo sincero desejo de aprender, mas estavam “experimentando”
o Mestre. A grande maioria dos estudiosos acha que os fariseus queriam deixar Jesus em
situação difícil e constrangedora, pois o assunto dividia a opinião pública da época. Havia
aqueles líderes religiosos que interpretavam Deuteronômio 24.1 de maneira extremamente liberal e davam aos homens o direito de se divorciarem de suas esposas por
qualquer motivo. Enquanto que outros achavam que “cousa indecente”, em Deuteronômio
24.1, aplicava-se somente ao adultério. A intenção era jogar Jesus contra um dos dois grupos.
Não nos esqueçamos de que João Batista foi decapitado por causa da questão do
divórcio (Mateus 14.3,4). Jesus Cristo,
sem se posicionar ao lado de qualquer dos grupos e com a sabedoria que lhe era
peculiar, evoca o texto de Gênesis e reafirma a indissolubilidade do casamento: “Não tendes lido
que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa
deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo
que já não são mais dois, porém uma só carne.” (Mateus 19.4-6 a). Desta forma, a
expressão “uma só carne”, segundo Jesus, aponta para o aspecto indissolúvel do casamento. Então
Ele conclui: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19.6 b).
Ou seja, não considere o homem dissolúvel o que para Deus é indissolúvel; não queira o homem
mudar a ordem estabelecida pelo Criador. Até porque qualquer mudança
promovida pelo homem, naquilo que Deus criou perfeito, será sempre para pior. Assim, usando
Gênesis 1.27, o Senhor responde aos seus interlocutores afirmando categoricamente
a indissolubilidade do casamento. E se não fosse a má intenção dos fariseus, a
conversa poderia ter terminado aqui, e eles voltariam para casa e se
esforçariam para obedecer a
vontade de Deus nesta questão. Mas como não eram puras nem honestas as intenções dos
interlocutores de Jesus, eles armam uma segunda cilada.
II - MOISÉS E O
DIVÓRCIO:
Da mesma forma como o Diabo usou as Escrituras para
tentar o Senhor Jesus, os fariseus fizeram para O experimentar, a segunda vez naquela
ocasião, retrucando: “Por que mandou, então, Moisés (certamente em Deuteronômio
24.1-4) dar carta de divórcio e repudiar?” (Mateus 19.7). E Jesus então lhes respondeu: “Por
causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher;
entretanto, não foi assim desde o princípio.” (Mateus 19.8). Há pelo menos duas revelações
importantes nesta resposta de Jesus: a primeira é que o divórcio não era um mandamento da
lei de Moisés, mas uma permissão. Os fariseus disseram que Moisés “mandou”
repudiar, mas Jesus os corrigiu dizendo que ele “permitiu”. A segunda revelação é a de que tal
permissão se devia à dureza do coração humano. Ou seja, a pecaminosidade humana está
sempre na raiz do divórcio. Nenhum divórcio é movido pela piedade e pela santidade dos
que o praticam. O divórcio é uma expressão de nossa pecaminosidade latente. Assim mais uma
vez o Senhor Jesus reafirma a indissolubilidade do casamento. E por ser o
casamento indissolúvel, um segundo casamento de pessoa divorciada, segundo Jesus,
será uma relação adúltera, posto que tal pessoa continuará ligada ao antigo cônjuge pelos
laços indissolúveis do casamento (Mateus 19.9). Quanto a cláusula de exceção: “não
sendo em caso de relações sexuais ilícitas”, deve ser entendida no contexto da permissão e
não como mandamento. Em caso de infidelidade conjugal, o caminho do arrependimento,
do perdão, da restauração e da reconciliação pode ser mais duro e mais difícil, mas
será sempre mais bíblico e mais cristão e, portanto, melhor. Desta forma, Jesus continua sendo
coerente e mantendo o princípio da indissolubilidade do casamento intocável.
III - A REAÇÃO
DOS DISCÍPULOS:
O verso 10 do nosso texto básico revela que os
discípulos do Senhor entenderam claramente o recado de Jesus sobre a indissolubilidade
do casamento. Tanto é assim que eles concluíram: “Se essa é a condição do homem
relativamente à sua mulher, não convém casar”. E o Senhor reafirma a indissolubilidade
do casamento concordando com os discípulos em que “nem todos são aptos” para
tanto (Mateus 19.11). No verso 12 Jesus dá alguns exemplos de pessoas que, por razões
diferentes, são inaptas para o casamento e conclui: “Quem é apto para o admitir admita.”. Em
outras palavras, os discípulos entenderam que o casamento, sendo indissolúvel, é
um conceito extremamente pesado. E Jesus, por sua vez, não tira um grama desse peso,
deixando irretocável o entendimento dos discípulos. É como se o Senhor dissesse: “É
isso mesmo! Casamento é coisa muito séria, não é para qualquer um e não deve ser
admitido irrefletidamente.” Desta forma o Senhor Jesus, ao longo de toda conversa, afirma
e reafirma a indissolubilidade do casamento, fazendo coro com o profeta que já havia
afirmado: “Deus odeia o repúdio” ( Malaquias 2.16).
IV - QUANTO AO
CRENTE DIVORCIADO:
Não poderíamos encerrar o presente estudo
sem considerar, à luz do ensino bíblico, a situação daqueles servos e servas do Senhor que
tiveram a infelicidade de se divorciarem, sendo que muitos destes já contraíram novas
núpcias. Estes irmãos e irmãs pecaram contra Deus? Sim. E, como qualquer pecado,
isto exige arrependimento e confissão sincera e abandono do pecado. A recomendação
apostólica para crentes que se separaram é de que “não se case ou que se reconcilie” com
o cônjuge (1 Coríntios 7.11). E se for o caso de crentes que já contraíram segunda núpcias?
Terão que romper o segundo casamento? A resposta é “não”, pelas seguintes
razões: primeiro o divórcio e o segundo casamento não são pecados imperdoáveis.
Além disso, a Bíblia diz que devemos nos orientar pelo bom senso (Provérbios
2.11,12). E romper um segundo casamento pode muitas vezes ferir ao bom senso. E,
finalmente, se houver arrependimento e confissão sincera e abandono da prática pecaminosa, Deus
certamente abençoará este segundo casamento. Quem não se lembra do casamento
abominável de Davi e Bateseba? Um casamento que nunca deveria ter acontecido e que
atraiu a ira de Deus. No entanto, lemos na Bíblia que, depois do arrependimento e
da confissão sincera, “Davi veio a Bateseba, consolou-a e se deitou com ela; teve ela um
filho a quem Davi deu o nome de Salomão; e o Senhor o amou”(2 Samuel 12.24). Assim,
como sugere o exemplo de Davi, cremos que um segundo casamento de pessoas
divorciadas, que Jesus chamou de adultério e que nunca deveria ter acontecido, poderá ser
honrado e abençoado por Deus se tais pessoas se arrependerem e abandonarem a prática
pecaminosa, honrando o segundo casamento como não honraram o primeiro.
CONCLUSÃO: A sociedade
moderna tem, lamentavelmente, assimilado a prática pecaminosa do
divórcio como uma instituição tão boa e desejável como o casamento. Lamentavelmente,
porque tal prática é de consequências sociais nefastas. Ninguém perverte a ordem de Deus
impunemente. Quando lemos a história das civilizações antigas e suas quedas
posteriores, descobrimos que há algo marcante e notável: o declínio destas civilizações
começa com o declínio dos padrões morais, desvalorização do casamento e a desintegração da
família. E mais lamentável ainda é o fato de que a própria Igreja, que precisa ser luz
do mundo e o sal da terra, tem se tornado como o mundo nesta questão. Que Deus tenha misericórdia
de nós!
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